Ir para o menu de navegação principal Ir para o conteúdo principal Ir para o rodapé

Relato de experiência profissional reflexiva em musicoterapia

ANO XXIV – NÚMERO 33 – 2022

RELAÇÕES AFETIVAS E O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: DOIS RELATOS DE CASO EM MUSICOTERAPIA

DOI
https://doi.org/10.51914/brjmt.33.2022.381
Enviado
12 janeiro 2022
Publicado
22-02-2023

Resumo

O presente trabalho apresenta o relato de intervenções musicoterapêuticas com duas crianças diagnosticadas precocemente com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Nas sessões iniciais os jovens indivíduos demonstraram relações de apego com seus cuidadores, evidenciadas pela busca constante do colo materno como “porto seguro”, durante as intervenções. Tal comportamento impactou o estabelecimento de vínculo terapêutico (terapeuta-paciente), inviabilizando o desenvolvimento dos objetivos musicoterapêuticos traçados. As técnicas musicoterapêuticas utilizadas para superar este desafio, assim como a importância da postura do profissional musicoterapeuta na construção de uma relação terapêutica são abordadas. Para o acompanhamento destes indivíduos foi utilizada a Escala de Desenvolvimento Musical de Crianças com Autismo (DEMUCA). Foi observado, no entanto, que a substancial e gradual melhora destes pacientes no que concerne à capacidade de interação com o musicoterapeuta, interação com objetos, interação com instrumentos musicais, atenção e interesse, ocorreu concomitantemente com o processo de “desapego” da figura materna no setting terapêutico. Em suma, este trabalho reforça que indivíduos com TEA, mesmo em idade precoce, podem estabelecer relações afetivas. Tais relações, por sua vez, são particulares e com potencial influência em suas atividades cotidianas.

Referências

  1. Accordino, R., Comer, R., & Heller, W. B. (2007). Searching for music’s potential: A critical examination of research on music therapy with individuals with autism. Research in Autism Spectrum Disorders,1(1),101-115.
  2. Barcellos, L. R. M. (2008). Sobre a técnica provocativa musical em musicoterapia. In: Encontro De Musicoterapia Do Rio De Janeiro, VII Encontro Nacional De Pesquisa Em Musicoterapia E VIII Jornada Científica Do Rio De Janeiro. Rio de Janeiro, 6.
  3. Berger, D.S. (2002). Music Therapy, sensory integration and autistic child. Jessica Kingsley Publishers.
  4. Bowlby, J. (1969). Apego e perda. Apego – A natureza do vínculo. (1a ed.). Martins Fontes.
  5. Carpente, J. A. (2009). Contributions of Nordoff-Robbins music therapy within a developmental, individual-differences, relationship-based (DIR)/Floortime framework to the treatment of children with autism: four case studies. [Tese de doutorado em Filosofia], Temple University Graduate Board.
  6. Del Prette, G. (2011). Treino didático de análise de contigências e previsão de intervenções sobre as consequências do responder. Revista Perspectivas, 2(1), 53-71.
  7. Dissanayake, C., & Crossley, S. A. (1997). Autistic children’s response to separation and reunion with their mothers. Journal of Autism and Developmental Disorders, 27(3), 295-312.
  8. Eren, B. (2015). The use of music interventions to improve social skills in adolescents with autism spectrum disorders in integrated group music therapy sessions. Procedia –Social and Behavioral Sciences, 197, 207-213.
  9. Falk, N. H., Norris, K., & Quinn, M. G. (2014). The factors predicting stress, anxiety in the parents of children with autism. Journal of Autism and Developmental Disorders, 44(12), 3185-3203.
  10. Freire, M., Martelli, J., Sampaio, R., & Parizzi, B. (2019). Validação da escala de desenvolvimento musical de crianças com autismo (DEMUCA): análise semântica, interexaminadores, consistência interna e confiabilidade externa. Opus, 25(3), 158-187.
  11. Joshi, A., Kale, S., Chandel, S., & Pal, D. K. (2015). Likert Scale: Explored and Explained. British Journal of Applied Science & Technology. Science domain, 7(4), 396-403.
  12. Lecavalier, L., Leone, S., & Wiltz, J. (2006). The impact of behaviour problems on caregiver stress in young people with autism spectrum disorders. Journal of Intellectual Disability Research, 50(3), 172-183.
  13. Martin, K. B., Haltigan, J. D., Ekas, N., Prince, E. B., & Messinger, D. S. (2020). Attachment security differs by later autism spectrum disorder: A prospective study. Wiley on Line Library. Developmental Science, 23(5), e1 2953.
  14. Obegi, J. S. (2008). The development of the client-therapist bond through the lens of attachment theory. The American Psychological Association. Psychoterapy Theory, Research, Practice, Training, 45(4), 431-446.
  15. Onzi, F. Z., & Gomes, R. F. (2015). Transtorno do espectro autista: a importância do diagnóstico e reabilitação. Caderno Pedagógico, Lajeado, 12(3), 188-199.
  16. Posar, A., & Visconti, P. (2018). Sensory abnormalities in children with autism spectrum disorder. J. Pediatr, 94(4), 342-350.
  17. Reis, M. R., & Freire, M. H. (2018). A canção de apresentação como um recurso de musicoterapia na saúde mental. Curitiba, Revista Incantare, 9(1), 1-20.
  18. Rogers, S. J., Dawson, G., & Vismara, (2015). L. A. Autismo compreender e agir em família. Lisboa.
  19. Rogers, S. J., & Dawson, G. (2014). Intervenção Precoce em crianças com autismo: modelo Denver para promoção da linguagem, da aprendizagem e da socialização. Lisboa.
  20. Sanini, C., Ferreira, G. D., Souza, T. S., & Bosa, C. A. (2008). Comportamentos indicativos de apego em crianças com autismo. Psicologia: Reflexão e Crítica, 21(1), 60-65.
  21. Santos, V. N. F. (2018). Apego e autismo: Uma análise sobre a relação de apego de uma criança com TEA, seus pares e professoras no contexto inclusivo de educação infantil. [Dissertação Programa de Pós-Graduação em Educação, Culturas e Identidades] Universidade Federal Rural de Pernambuco e da Fundação Joaquim Nabuco.
  22. Senra, M. S. (2018). A relação da música e do processamento sensorial na percepção musical de crianças com transtorno do espectro autista: estudo de caso aplicado em intervenção terapêutica e educacional com base no modelo DIR/Floortime. [Dissertação Programa de Pós-Graduação em Música] Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
  23. Subiantoro, M. (2019). Music therapy for children with autism and their mother’s wellbeing: a case study for clinical practice. 4th Asian Conference in Psychology, Counselling, and Humanities, Atlantis Press. Indonesia. Advances in Social Science, Educationand Humanities Research (ASSEHR), 304, 89-91.
  24. Villachan-Lyra, P. (2008). Relação de apego mãe-criança: um olhar dinâmico e histórico-relacional. Ed. Universitária: UFPE.
  25. White, S. W., Keonig, K., & Scahill, L. (2006). Social skills development in children with autism spectrum disorders: A review of intervention research. Journal of Autism Developmental Disorder, 7(10), 1858-1868.

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

1 2 > >>